segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Amor não correspondido (texto em função poética)


Afirmo sabiamente que o amor turva a visão do homem. O sábio não se envolverá em angústias amorosas por muito tempo. Saberá que a infelicidade é passageira e que não deverá ficar mergulhado em prantos vitimados. Chorar é uma reação que deverá sanar a dor, mas se tornará ostentação se prolongamos as lágrimas. Devo impor-me a felicidade. O sábio entende que a infelicidade é insensata e que devemos recordar da pessoa amada sem dor, de maneira agradável. Ninguém se volta prazerosamente para aquilo que é pensado com sofrimento. É inevitável que nos traga dor a lembrança do nome daquela que amamos. Mas também essa ferida tem o seu prazer.

O meu tormento de não ter-te enobrece minha alma de pureza e indiferença, não macula o meu ser de influências e me exorta a vontade alheia. Essa enfurecida adaga cravada no meu peito fortalece o meu coração e acelera minhas ações. Cada molécula do meu corpo está vibrando mais intensamente e consciente da importância do meu valor e de minha disposição para enfrentar o próximo minuto que se segue. De punhos cerrados rompo o espaço à frente, envolto de ganas e de fúrias animalescas de um feroz e nobre felino. Caminho iluminado na escuridão por diferentes trilhas e cumprindo minhas vontades sem deixar-me atingir pela servidão da alma.

Me alimento de paz e me depreendo de entusiasmo marcado do prazer pelo ar que respiro a cada momento. Sua presença me sucede de certezas de estar cumprindo o dever que me é dado; não me desagrado por qualquer atitude ou obstáculo superveniente. A derrota é o prenúncio da vitória.

Não rogarei por derrotado jamais. Minha desconhecida resiliência agora me evoca. Exércitos de desejos e vontades invadem o meu corpo, indiferente da fortuna e do resultado, o plano segue em marcha e muito provavelmente, tão logo me aperceba, antes até, todas as cartas estarão postas sobre a mesa.

Sendo o que se apresenta até o momento, minha infinita capacidade de amar não será retirada, mas acautelada e libertada por merecimentos e por breves momentos, na consciência de que o sabedor nunca se surpreenderá por indesejáveis condutas das pessoas amadas. Pobres são aquelas que não sabem amar. Pessoas de alma pequena que devemos a nossa piedade. Adeus.

Um comentário:

  1. Nos libertarmos de um amor...relaciono como criar coragem pra cortar um cordão umbilical, conciente de que vai nos faltar ar por alguns instantes...
    Aí está o grande impasse...criar coragem para aprender a respirar sem o cordão

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